segunda-feira, 15 de abril de 2019

CRISTO RESSUSCITOU


01 CRISTO RESSUSCITOU
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Por entre o júbilo pascal fulge a magna verdade da fé dos discípulos de Cristo, pois se não existisse a ressurreição de Jesus, não existiria o cristianismo. Grandiosa a mensagem que fluiu de um túmulo vazio. Diz o Evangelista que Pedro diante do sepulcro no qual não estava o corpo do Mestre, “viu e acreditou” (Jo 20, 1-9).   Jesus havia dito a Marta “Eu sou a ressureição e a vida” (Jo 22,25) e Ele, de fato, depois morto e sepultado, ressuscitou imortal e impassível. Sua vitória sobre a morte inaugurou um mundo novo no qual a morte foi vencida, tendo raiada para seus seguidores a certeza de idêntico triunfo. São Paulo, portanto, com toda a razão interrogou: "Onde está ó morte a tua vitória, o teu aguilhão?" [,,,] e concluiu: “Graças sejam dadas a Deus que nos deu a vitória por meio de nosso senhor Jesus Cristo” (1 Cor 15, 58.-59). Todas as gerações cristãs proclamariam esta realidade sublime, pois à Ressureição de Cristo é o fundamento da esperança na felicidade além-túmulo. Com efeito, o divino Ressuscitado é o mesmo que foi Crucificado. É que a festa de Páscoa supera de muito a dor da Sexta Feira Santa. Não houve Ressurreição sem a Cruz. Na verdade Cristo levou ao extremo seu imenso amor para com todos os homens através do preço do sofrimento e da morte para que raiasse a glória da Ressurreição, ostentando seu poder grandioso em toda a sua plenitude. É o mistério sublime do humano e do divino e a Ressurreição de Cristo vem decifrar e iluminar as vicissitudes humanas, proclamando que nada que é humano é banal, pois se torna semente da eternidade. O Ressuscitado abriu as portas da beatitude perene para todos que seguissem o seu caminho de Cruz o qual se tornaria um caminho de fé rumo a uma inefável alegria. Nos planos insondáveis de Deus foi necessária a morte de sexta feira santa, seguida do silêncio do túmulo onde o corpo do morto divino fora depositado, para que depois brilhasse a luz de seu esplendoroso triunfo. Sua ressurreição foi o final glorioso, o cúmulo de sua admirável dileção por nós, amor em profusão. Hoje cada um pode se ufanar e dizer que não é um vivo destinado à morte, mas um mortal ao qual está prometida uma vida sem fim junto de seu Redentor nas delícias do céu. É esta verdade que dá sentido à vida do cristão, não obstante as angústias, os sofrimentos e as dificuldades do dia a dia. Cumpre então irradiar por toda parte a fé no amor infinito de Deus, amor mais forte que toda a morte, acima de todo o mal que campeia mundo afora. Entretanto, a Ressurreição de Cristo ficaria inacabada se ela não fosse vivida intensamente no seu Corpo Místico, em cada um de nós. Cristo ressuscitado exige disposição interior, pois seu túmulo aberto mostra a necessidade que todos os cristãos tenham corações abertos, receptivos às inefáveis mensagens da Páscoa. Nas brumas do cotidiano Cristo Ressuscitado está a lembrar a todos que o Amor e a Vida são os únicos valores eternos, marcados com o selo de eternidade. Faz então jorrar a plenitude da adesão amorosa a todas as virtudes e a repulsa corajosa ao pecado. Em Cristo Ressuscitado é toda a vida do cristão que se encontra renovada. É preciso, porém, deixar Jesus agir através de sua graça, de seu poder, de sua misericórdia. Trata-se da presença de Cristo sempre atual, capaz de fazer rolar por terra os muros dos impasses que impedem viver em plenitude o mistério pascal, acolhendo-O como o eterno amigo e salvador. Para quem souber viver o mistério pascal, resplandece a esperança de um dia, no ocaso da passagem por este mundo, poder escutar estas palavras do Mestre divino: “Muito bem servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25,21). Isto significará então a vitória da Vida e do Amor sobre todas as forças da morte do corpo e da alma. Páscoa, deste modo, lança uma mensagem de coragem, de audácia e de alegria que, levada por toda parte, irradiará naqueles que titubeiam na fé a procura das veredas da autêntica ventura. Então o cristão se torna de fato teóforo, isto é, portador de Deus, filho de Deus, deificado pela presença do Ressuscitado. O mundo estará então mais iluminado! Isto porque no dia glorioso da sua ressurreição Cristo convida a todos a recomeçar a viver plenamente, a passar do medo à alegria, das trevas à luz, da morte à vida. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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