A TERCEIRA APARIÇÃO DE JESUS RESSUSCITADO
Côn. José
Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus
Ressuscitado, junto do lago de Tiberíades, pela terceira vez manifestou-se a
seus discípulos. (Jo 21,1-14). Pedro e seus companheiros trabalharam noite
adentro e nada tinham pescado. Os apóstolos ainda estavam aturdidos com o que
ocorrera com Jesus no Calvário e sua fé no Ressuscitado era ainda bem tímida.
Jesus, que inicialmente não reconheceram, apresentou-se na margem e, para
testá-los, lhes pede algo para comer e aqueles pescadores só tiveram uma
resposta, dizendo que nada tinham a oferecer. .Ali, porém, estava o Senhor
poderoso que havia multiplicado os pães e peixes no deserto e já havia, antes,
promovido uma pesca- milagrosa (Lc 5, 4-11). Ele os instrui, pois, deviam,
lançar a rede para o lado direito do barco. Seguiram a instrução e a pesca foi
surpreendente. Entre as lições que este acontecimento oferece é preciso
inicialmente fixar que nas horas de incerteza, de dúvida na vida pessoal,
familiar ou comunitária frequentemente é necessário prosseguir na rota simples
do cotidiano. É necessário não esmorecer e continuar agindo. Isto a partir dos
elementos habituais das atividades próprias de cada um. Pedro afiançara, alto e
bom tom, que iria pescar e seus companheiros resolveram ir também. Houve então
um trabalho de equipe e, mesmo que nada tivessem pescado, aquele esforço lhes
fora psicologicamente benéfico, apesar da fracassada tentativa de apanhar
peixes. Foi quando se deu a presença do Ressuscitado. Aí vem outra mensagem de
grande valia espiritual, pois, João, o discípulo amado, alma pura e simples,
reconheceu que era Jesus quem ali estava: “É o Senhor”. Admirável, em seguida,
a atitude de Pedro que imediatamente se lançou às águas para logo estar com o
Mestre divino, nadando para chegar depressa à margem. Naquele momento Pedro já
fazia um ato de fé no Senhor Ressuscitado e compreendeu que devia entrar no
estilo de Jesus, sempre pronto a ajudar aqueles que nele creem. Os sinais do
divino Redentor surgem nos acontecimentos da vida de cada um, no seu cotidiano
e felizes os que captam suas mensagens sublimes percebendo o dinamismo de Jesus
que visa sempre aprofundar a espiritualidade de seu discípulo. Naquele momento
em que o próprio Cristo toma o pão e o peixe e os dá àqueles pescadores
maravilhados com o que estava acontecendo eles entram numa atmosfera
meditativa, silenciosa. Pedro inclusive estava então preparado para receber a
chefia do rebanho de Cristo. Aqueles foram momentos de uma familiaridade
comovente e de profunda proximidade do Mestre vencedor da morte. Este Senhor
poderosos a convidá-los a comer com Ele era algo surpreendente. Uma cena
tocante, pois não se tratou de uma aparição cintilante de luz fazendo brilharem
as vestes de Jesus. Tratava-se de gestos e de palavras da vida do dia a dia. O
Ressuscitado se mostra aos discípulos e deles se aproxima como o fazia antes
nos dias de sua trajetória terrena. Os liames com Ele não haviam desaparecidos,
mas simplesmente transformados. Como nas outras duas aparições anteriores Jesus
se manifesta aos apóstolos com uma presença nova. Por isto os detalhes da
narrativa de São João foram escritos para fazer compreender que esta presença
de Jesus, após sua ressurreição era uma presença real, uma presença que ele
queria fosse sentida na vida de todos os seus seguidores em todas as suas
atividades cotidianas. É preciso, de fato, perceber Jesus Ressuscitado nas
ocupações habituais, no trabalho, nas conversas pessoais ou pelo telefone, ou pelo
Twitter, ou pelo Facebook. Ver Jesus Ressuscitado
nos amigos, nas crianças, nos jovens, nas pessoas idosas. Contemplar Jesus,
sobretudo, em casa no convívio familiar. Com efeito, Ele continua a se
manifestar no contexto histórico de cada um como o fez para os discípulos a
beira do lago. Ele quer uma resposta de amor e de fé. Com ternura Jesus disse à
beira do lago aos apóstolos: “Vinde comer”. Presente na Eucaristia, no Pão e no
Vinho consagrados, Ele alimenta em cada participante da Missa a fé na sua
presença. A Igreja renova então a
exclamação do Apóstolo João: “È o Senhor”! Eis “o Cordeiro Imolado, digno de
receber poder e riqueza, sabedoria e força, honra, glória e benção” (Ap
5,12). Nele nós podemos confiar, pois
está sempre ao lado dos que nele creem e O amam. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.