segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A IMPORTÂNCIA DE LEI E DOS PROFETAS

01 A IMPORTÂNCIA DA LEI
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

O cumprimento dos preceitos de que fala Jesus se aplica à Lei e aos Profetas. (Mt 5,17-37). A Lei estava expressa no Pentateuco e nos Profetas estavam englobados todos os restantes Livros Sagrados. Cristo afirma que Ele não viera abolir nada, mas cumprir. Entre abolição e conservação o Mestre divino inculta o cumprimento integral de tudo. Ele aperfeiçoaria a lei moral, exigindo sua observância em toda sua plenitude. É o que Ele quis dizer ao afirmar: “Eu, vos digo”, ou seja, Ele atesta a veracidade de suas palavras e a autoridade com que exigia de seus seguidores um rigor ainda maior em acatar as prescrições divinas com os detalhes que Ele proclamava. Tratava-se do ritmo do Evangelho a ser observado por seus discípulos. Era a novidade que viera trazer para formar na santidade os que desejassem, de fato, segui-lo. Um novo caminho cristão a ser percorrido, sendo captado o sentido profundo de suas mensagens. Uma nova via de progresso espiritual que deveria caracterizar seus epígonos. Para tanto cumpre um ato de fé em Jesus. Tudo que se acha compendiado no Sermão da Montanha exigiria tenacidade, radicalidade, transformação, adesão, uma escolha rumo à pratica perfeita das virtudes. Isto exigiria coragem, destemor. Uma atitude drástica, profunda, ou seja, não apenas não matar os outros, mas também afastar toda ira, todo insulto ao próximo, reconciliando com ele antes de fazer a oblação a Deus. Abolição do adultério a começar dos olhares maliciosos até os desejos impuros no íntimo do coração. Acrescenta a intrepidez em se mortificar quanto às vistas, com relação a tudo que é imoral, desonesto. Penitência corporal para não ceder aos embustes do diabo. Adite-se que Jesus é radical no que tange à fidelidade matrimonial, condenando abertamente todo tipo de infidelidade. Ajunta a tudo isto que seu discípulo não deveria nunca jurar em qualquer hipótese, mas “seja o seu falar sim, sim, não, não”. Tudo implicaria numa transformação da vida de quem o seguisse, pois “tudo que não passa disto procede do maligno”. Não é fácil aderir a este programa de vida, mas a história dos inumeráveis santos elevados ou não às honras do altar demonstra que um sem números de adeptos do Evangelho fizeram com sabedoria a escolha por Jesus, afastando-se das veredas tenebrosas do erro, do pecado, dos desvios morais, das alucinações do mal. Entre o amor, Eros, e a morte, Thanatos, uma vitória da vida divina e a morte a todas as insinuações satânicas de um mundo perverso que despreza a Lei e os Profetas, mundo que  decreta a abolição daquilo que Cristo veio aprimorar para a grandeza de seu seguidor. Neste deveria esplender sempre a verdade em toda sua fulgurância. Jesus oferece todos os meios para o aperfeiçoamento completo do ser humano. Um horizonte belo diante da renovação interior. Não se trata de perfeccionismo estéril, condenável, sobre-humano, mas de um consentimento voluntário na caminhada para a felicidade nesta terra e na eternidade. Aprovação sincera de toda boa ação dentro das limitações humanas, pois grande é a luta para triunfar das prevaricações, jamais, porém, cedendo à desesperança Como observa o Frei Guillaume Dehorter, é preciso estar atento “aos determinismos físicos, sociológicos e psicológicos que condicionam tantas vezes a conduta de cada um”. Esta consciência deve servir  para a lucidez de cada um e não paralisá-lo. É preciso, contudo estar alerta contra tudo que acentua estes determinismos, sobretudo o que chega a cada um pelos meios de comunicação social. Estes quase sempre fazem a apologia dos procedimentos imorais, exaltando falsos ídolos, um modo de viver bem diferente daquele traçado pelo Filho de Deus.  Olhos fixos, isto sim, naqueles que testemunham sua fé e resistem às vozes das sibilas do mal. Seguir Jesus cumprindo tudo que Ele preceituou é encontrar paz, imperturbabilidade e se sentir realizado. O objetivo de Cristo é realmente o engrandecimento da pessoa humana no que diz respeito a sua dignidade de filhos e filhas de Deus. Os preceitos hoje recordados estão a serviço da promoção pessoal de cada um, se tornam um escudo para sua integridade e sua total liberdade. O cumprimento do que Cristo propõe ultrapassa o simples respeito da Lei e dos Profetas e de tudo que Ele detalhou. Sob a luz da fé cada ação do cristão vai além do que Jesus preceituou, porque se trata da visão mesma do Filho de Deus, pedagogo inigualável a apontar a beleza da perfeição cristã, a grandeza de ser seu seguidor. * Professor no seminário de Mariana durante 40 anos.

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