SANTA RITA AGOSTINIANA
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Se
antes de receber o hábito da Ordem Agostiniana Santa Rita fora um modelo
perfeito de vida cristã como filha, esposa e mãe, ao entrar no Convento atingiu
o ápice da santidade. Em primeiro lugar, com raro fervor ela procurou cumprir
todas as prescrições da Regra e Constituições da Ordem agostiniana como um
caminho seguro rumo a sua entrega total a Cristo. Esplendeu então sua profunda
caridade bem dentro daquilo que Santo Agostinho havia escrito no começo de sua
Regra Monástica: “Antes de tudo que Deus seja amado e depois o próximo”. Eis
porque Santa Rita observava com profundo esmero os Mandamentos do Decálogo e da
Igreja, sendo também fidelíssima a seus votos religiosos. Sua dileção para com
todos com quem convivia estava inflamada deste afeto sobrenatural ao Criador de
tudo. Nos seus julgamentos, nas suas palavras, nas conversas ela sabia exaltar
as qualidades alheias. De acordo com os costumes agostinianos de Cáscia ela
exercia fora do Convento obras de misericórdia.
Dava bons conselhos, reconfortava e encorajava os fracos, consolava os
infelizes e levava os transviados às veredas do bem. Deste modo, convertia a
muitos. Os doentes eram objeto de sua especial atenção. Visitava-os e aos
moribundos assistia no momento da morte. Entretanto, não era apenas a caridade a marca
de sua santidade. Ela crescia sempre mais na humildade. Considerava-se a menor
das religiosas. Sua conduta mostrava a sinceridade de sua convicção íntima. Ela
agia como se fosse uma serva de todos e multiplicava sua generosidade nas
menores ações. Donde também sua obediência a suas superioras. Primava em acatar
as ordens daquelas que lhe eram mais jovens. As determinações que poderiam
parecer até esdrúxulas ela as aceitava. Célebre o fato de ter durante muitos
meses regado o tronco de uma videira seca, a qual acabou desabrochando graças à
sua obediência. O tronco seco deu galhos e frutos e até hoje lá em Cáscia está exaltando esta sua virtude.
Adite-se o cultivo da pobreza. Sua vestimenta era de um pano grosseiro. Sua
cela a menor de todas. Nenhum móvel, nem mesmo uma cama, pois ela dormia no
chão. Acrescente-se sua admirável castidade que a levava a vencer de imediato
qualquer pensamento maldoso que o demônio lhe pudesse trazer à mente. Em toda a
circunstância ela agia com rara prudência e reserva, possuindo uma atitude
recolhida e modesta. Vigilância contínua sustentada por suas fervorosas orações
e penitências. A mortificação era o apanágio de sua existência. Rudes suas
austeridades. Tudo que pudesse ser uma condescendência a qualquer tipo de
sensualidade era logo banido. Rigoroso o
seu regime alimentar, pois tomava cotidianamente apenas um pouco de salada ou de
outros legumes com um pedaço de pão. Vivendo numa cultura italiana na qual se
serve o vinho às refeições ela dele se privava, bem como de toda a espécie de
carne. Constantes eram os jejuns que fazia, aplicando este sacrifício para
alívio das almas do purgatório, ou pela conversão dos pecadores, ou pelos
benfeitores do Convento. Alguns dos biógrafos, seus contemporâneos, registraram
o fato dela ter costurado espinhos no seu hábito aumentando seus sofrimentos
para mais se assemelhar a Cristo crucificado. A prece era, porém, seu
sustentáculo, dando-lhe coragem para tudo suportar para glória de Deus e bem
das almas. O mundo sobrenatural era sua verdadeira a felicidade. Assim ela
degustava já na terra um pouco das delícias do céu, A fé vivificava toda a sua
existência. Na parede de sua cela uma pintura do Crucificado lhe dada energias
para se entregar a tantos sofrimentos. Por tudo isto ela aos 62 anos mereceu o
estigma do um espinho da coroa de Jesus, pois havia atingido um alto grau de
santidade. Como São Francisco de Assis, Santa Catarina de Sena, Santa Clara de
Montefalco, Santa Faustina Kowalska, Padre Pio e alguns outros santos
privilegiados ela estaria no rol daqueles que foram marcados com sinais da
dolorosa paixão do Redentor. Em Santa Rita o espinho lhe causou um ferida na
fronte, causando odor malcheiroso e a isolando ainda mais na cela longe da
comunidade. Ela, contudo, longe de
desolar com os tormentos se rejubilava no Senhor agradecendo-Lhe e bendizendo-O
por lhe fazer participar assim do cálice das dores do Salvador. Tão grandes os
merecimentos desta Santa admirável explica a devoção universal a ela dedicada.
Todo aquele que devotamente implora sua proteção sempre alcança graças
maravilhosas. * Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos.
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