quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

SANTA RITA AGOSTINIANA

SANTA RITA AGOSTINIANA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Se antes de receber o hábito da Ordem Agostiniana Santa Rita fora um modelo perfeito de vida cristã como filha, esposa e mãe, ao entrar no Convento atingiu o ápice da santidade. Em primeiro lugar, com raro fervor ela procurou cumprir todas as prescrições da Regra e Constituições da Ordem agostiniana como um caminho seguro rumo a sua entrega total a Cristo. Esplendeu então sua profunda caridade bem dentro daquilo que Santo Agostinho havia escrito no começo de sua Regra Monástica: “Antes de tudo que Deus seja amado e depois o próximo”. Eis porque Santa Rita observava com profundo esmero os Mandamentos do Decálogo e da Igreja, sendo também fidelíssima a seus votos religiosos. Sua dileção para com todos com quem convivia estava inflamada deste afeto sobrenatural ao Criador de tudo. Nos seus julgamentos, nas suas palavras, nas conversas ela sabia exaltar as qualidades alheias. De acordo com os costumes agostinianos de Cáscia ela exercia fora do Convento obras de misericórdia.  Dava bons conselhos, reconfortava e encorajava os fracos, consolava os infelizes e levava os transviados às veredas do bem. Deste modo, convertia a muitos. Os doentes eram objeto de sua especial atenção. Visitava-os e aos moribundos assistia no momento da morte.  Entretanto, não era apenas a caridade a marca de sua santidade. Ela crescia sempre mais na humildade. Considerava-se a menor das religiosas. Sua conduta mostrava a sinceridade de sua convicção íntima. Ela agia como se fosse uma serva de todos e multiplicava sua generosidade nas menores ações. Donde também sua obediência a suas superioras. Primava em acatar as ordens daquelas que lhe eram mais jovens. As determinações que poderiam parecer até esdrúxulas ela as aceitava. Célebre o fato de ter durante muitos meses regado o tronco de uma videira seca, a qual acabou desabrochando graças à sua obediência. O tronco seco deu galhos e frutos e até hoje lá  em Cáscia está exaltando esta sua virtude. Adite-se o cultivo da pobreza. Sua vestimenta era de um pano grosseiro. Sua cela a menor de todas. Nenhum móvel, nem mesmo uma cama, pois ela dormia no chão. Acrescente-se sua admirável castidade que a levava a vencer de imediato qualquer pensamento maldoso que o demônio lhe pudesse trazer à mente. Em toda a circunstância ela agia com rara prudência e reserva, possuindo uma atitude recolhida e modesta. Vigilância contínua sustentada por suas fervorosas orações e penitências. A mortificação era o apanágio de sua existência. Rudes suas austeridades. Tudo que pudesse ser uma condescendência a qualquer tipo de sensualidade era logo banido.  Rigoroso o seu regime alimentar, pois tomava cotidianamente apenas um pouco de salada ou de outros legumes com um pedaço de pão. Vivendo numa cultura italiana na qual se serve o vinho às refeições ela dele se privava, bem como de toda a espécie de carne. Constantes eram os jejuns que fazia, aplicando este sacrifício para alívio das almas do purgatório, ou pela conversão dos pecadores, ou pelos benfeitores do Convento. Alguns dos biógrafos, seus contemporâneos, registraram o fato dela ter costurado espinhos no seu hábito aumentando seus sofrimentos para mais se assemelhar a Cristo crucificado. A prece era, porém, seu sustentáculo, dando-lhe coragem para tudo suportar para glória de Deus e bem das almas. O mundo sobrenatural era sua verdadeira a felicidade. Assim ela degustava já na terra um pouco das delícias do céu, A fé vivificava toda a sua existência. Na parede de sua cela uma pintura do Crucificado lhe dada energias para se entregar a tantos sofrimentos. Por tudo isto ela aos 62 anos mereceu o estigma do um espinho da coroa de Jesus, pois havia atingido um alto grau de santidade. Como São Francisco de Assis, Santa Catarina de Sena, Santa Clara de Montefalco, Santa Faustina Kowalska, Padre Pio e alguns outros santos privilegiados ela estaria no rol daqueles que foram marcados com sinais da dolorosa paixão do Redentor. Em Santa Rita o espinho lhe causou um ferida na fronte, causando odor malcheiroso e a isolando ainda mais na cela longe da comunidade.  Ela, contudo, longe de desolar com os tormentos se rejubilava no Senhor agradecendo-Lhe e bendizendo-O por lhe fazer participar assim do cálice das dores do Salvador. Tão grandes os merecimentos desta Santa admirável explica a devoção universal a ela dedicada. Todo aquele que devotamente implora sua proteção sempre alcança graças maravilhosas. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos. 

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