segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO

SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus, grande pedagogo, empregou duas imagens significativas para caracterizar seus seguidores: “Vós sois o sal da terra [...] Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13-16). Já no antigo mundo bíblico o sal era apresentado como um produto precioso, por dar gosto aos alimentos, sendo importante agente de conservação. Ao empregar esta imagem, Cristo quer que seus discípulos deem ao mundo o gosto e o ardor difundido pelo seu ensinamento, conservando sempre a plenitude da verdade que Ele veio proclamar ao mundo. Assim sua doutrina se torna desejável, porque salvífica. Além disto, a Bíblia mostra que se utilizava o sal para concluir um pacto, uma aliança. Lemos no Levítico: “Toda oblação que ofereceres será temperada com sal, e não deixarás faltar em tua oblação o sal da aliança com o seu Deus” (Lev 2,13).  O cristão selou com o Criador uma aliança e, por isto também, se faz sal da terra, anunciando a amigável união do Senhor com seu povo redimido. Aliás, o Antigo Testamento já falava de uma “aliança de sal”.  Deus disse a Aarão: “Todos os tributos das coisas sagradas que os filhos de Israel oferecem ao Senhor, dou-os a ti, a teus filhos e a tuas filhas por direito perpetuo; é um pacto  inviolável, pacto de sal,  eterno diante do Senhor contigo e por ti com os teus descendentes” (Num 18,19). Por causa da fidelidade ao pacto divino, o cristão, sal da terra, deve ser fiel, leal, a seu Senhor. Trata-se de uma relação permanente. Grande então a responsabilidade dos batizados. É por isto que se canta num dos hinos penitenciais: “Quem não te aceita quem te rejeita, por não crer por ver cristãos que vivem mal. Cristo piedade!”. Jesus alertou: “Se o sal se tornar insípido, com que se lhe há de restituir o sabor”?  Eis porque o aludido cântico acrescenta: “Hoje se a vida é tão ferida, deve-se a culpa e indiferença de tantos cristãos”. Um sal saudável como aquele que proporcionou a Jesus uma excelente metáfora do fervor de seus discípulos, supõe, porém, toda sua vitalidade. Seus seguidores deveriam ostentar sempre total constância, respeitando uma aliança, um pacto firme com Ele de acordo com as promessas batismais. Aos colossenses São Paulo aconselhava: “Que a vossa linguagem seja sempre cortês, temperada com sal, de modo que saibais como deveis responder a cada um” (Col 4,6). Apenas assim é que o cristão se torna ao mesmo tempo também luz do mundo, iluminando a todos que estão a sua volta. De fato, as duas imagens do sal e da luz se articulam admiravelmente uma com a outra. Será, contudo, sempre Jesus que comunicará a todos o sabor, o elã, a vida e a luz verdadeira. A luz dissipa as trevas, ela aclara tudo que ela toca, Cabe aos fiéis difundir por toda parte a luz que vem do alto, combatendo as penumbras do mal e do pecado causados pela ignorância, pela ambição, pelo egoísmo, pelo hedonismo. Entretanto, quanto mais o cristão volta seu olhar para Jesus, mais luminosidade recebe e é transfigurado por Ele. Deste modo, a ordem do Mestre divino se cumprirá: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, a fim de que, vendo as vossas boas obras glorifiquem vosso Pai que está nos céus”. Para tanto é preciso a sinceridade de um coração identificado com Ele. É deste modo que o cristão afasta a escuridão da decepção, da fadiga, da indiferença, do temor e dos desentendimentos mútuos. Torna-se um clarão luzente em casa, no trabalho, nos lugares de diversão, enfim, onde quer que esteja. Por seus gestos, por suas atitudes os epígonos de Cristo são chamados a exercer uma influência lucífera neste mundo. Do contrário, seriam eles inúteis, lâmpadas debaixo do alqueire, e não sobre o candelabro das boas obras para clarear a todos. Pelo seu testemunho de vida o fiel comunica de maneira vital a beleza da história da salvação e os conteúdos da fé da Igreja. Para que isto aconteça não há necessidade de notáveis carismas. Basta que se façam de maneira extraordinária as tarefas ordinárias da vida numa união profunda com Aquele que é a Luz que veio a esta terra envolver a todos na sua iluminação. Desta maneira, se revela ao mundo os segredos da sabedoria divina, a qual, segundo São Paulo, “está envolta em arcano, sabedoria escondida, antes dos séculos” (1 Cor 2, 7). Em síntese, para ser sal da terra e luz do mudo o cristão deve viver em função da graça de Deus, desta vida interior recebida no Batismo, desenvolvida pela prática das virtudes, defendida pela oração, fortificada pelos sacramentos. Torna-se assim sal da terra e luz do mundo.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

AS MENSAGENS DAS BEM-AVENTURANÇAS

AS MENSAGENS DAS BEM-AVENTURANÇAS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

As Bem-aventuranças relatadas por São Mateus apresentam tocantes versículos que oferecem sublimes mensagens do Mestre Divino. Estas mensagens condensam um programa de vida para os seguidores de Cristo, incitando-os a viver cada um destes recados lançados pelo Filho de Deus. Um verdadeiro refrão que ressoa bem de acordo com o desejo mais profundo do ser humano que busca sempre a felicidade. Bem-aventurados, felizes, repete Jesus várias vezes, tracejando um caminho luminoso para seus discípulos. Cumpre então sempre saborear estre trecho, mesmo porque nele se pode descobrir a figura mesma do divino Redentor. Sua luz celestial vem então aclarar os passos dos fiéis. Com efeito, Jesus é por excelência aquele que foi pobre em espírito. Ele foi manso e humilde de coração. Chorou sobre a miséria humana. Teve fome e sede de justiça. Foi extremamente misericordioso. Ostentou uma alma pura. Ofertou a todos a paz, revelando a verdade do Amor. Foi perseguido e insultado por causa da justiça. Assim sendo, entrar no mistério das Bem-aventuranças é penetrar no mistério mesmo de Cristo. Elas são o retrato falado daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida e devem ser a imagem do verdadeiro cristão. A vocação dos fiéis é viver então as Bem-aventuranças para levar ao mundo a verdadeira ideia de Cristo. É ostentar por toda parte o júbilo que Deus quer para todos que devem, de fato, ser felizes. Eis porque nas Bem-aventuranças há uma dimensão missionária extraordinária, pois cabe ao cristão irradiar perspectivas otimistas onde quer que esteja. Ser testemunha das Bem-aventuranças é ser profeta da dileção imensa de Deus para com todos. É caminhar levando a figura de Jesus, irradiando contentamento por entre tantos infortúnios deste vale de lágrimas. É ainda fazer crer na irrupção do Amor de um Deus sumamente misericordioso que transfigura o coração humano e transforma espinhos em pérolas para a eternidade. Dom precioso que é preciso saber cultivar e espalhar no meio em que se vive. É certo que a felicidade completa só será possuída na eternidade, mas precisa ser degustada já aqui nesta terra. Fixemos então cada uma das Bem-aventuranças para que sejam vividas e transmitidas a todos. “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque o reino dos céus lhes pertence”. São os que possuem um coração livre, que não é prisioneiro de sua autossuficiência, não se apegam aos bens materiais. Não se vangloriam de suas virtudes, Reconhecem os seus erros e deles se arrependem Estes estão livres do orgulho. “Bem-aventurados- os mansos, pois eles possuirão a terra”. Felizes porque não cedem à engrenagem da violência e vão até o amor dos inimigos. São os que conhecerão o caminho do Reino. São pacientes e não se deixam dominar pela ira. “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. São os que são capazes de vibrar com a pena dos outros e de seguir Jesus no seu combate contra todas as formas de sofrimento. São os que aceitam chorar seus próprios pecados. Esta tristeza segundo Deus é a primeira meta da conversão. “Felizes os que têm fome e sede da justiça, pois serão saciados”. São os que procuram se ajustar a Deus e não desesperam de progredir no caminho da santidade, procurando o Reino de Deus e sua justiça. Querem que o mundo seja mais fraterno e verão, sem dúvida, este desejo se realizar um dia. “Bem-aventurados os misericordiosos, dado que obterão misericórdia”. Não abrigam a represália, anistiam a todos e amam os inimigos. “Felizes os puros de coração, pois eles verão a Deus”. Não têm a mente poluída, seus olhos não se comprazem nos sites pornográficos, evitam as ocasiões de pecado. “Bem-aventurados os artesãos da paz, dado que serão chamados filhos de Deus”. Evitam tudo que possa causar discórdia. Vigiam suas línguas e condutas, fogem da maledicência, difundem a imperturbabilidade por toda parte, contornando os conflitos e levando os outros à reconciliação. “Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, o Reino dos céus lhes pertence”. Não se envergonham de ser cristãos, não traem o Evangelho, sabem defender a Igreja de Cristo. Felizes os que são injuriados e perseguidos por causa de Jesus, uma vez que grande será a recompensa nos céus. Saibamos viver estas bem-aventuranças, pois é deste modo que seremos felizes e o mundo nos reconhecerá como seguidores de Cristo. * Professor no seminário de Mariana durante 40 anos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

SANTA RITA AGOSTINIANA

SANTA RITA AGOSTINIANA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Se antes de receber o hábito da Ordem Agostiniana Santa Rita fora um modelo perfeito de vida cristã como filha, esposa e mãe, ao entrar no Convento atingiu o ápice da santidade. Em primeiro lugar, com raro fervor ela procurou cumprir todas as prescrições da Regra e Constituições da Ordem agostiniana como um caminho seguro rumo a sua entrega total a Cristo. Esplendeu então sua profunda caridade bem dentro daquilo que Santo Agostinho havia escrito no começo de sua Regra Monástica: “Antes de tudo que Deus seja amado e depois o próximo”. Eis porque Santa Rita observava com profundo esmero os Mandamentos do Decálogo e da Igreja, sendo também fidelíssima a seus votos religiosos. Sua dileção para com todos com quem convivia estava inflamada deste afeto sobrenatural ao Criador de tudo. Nos seus julgamentos, nas suas palavras, nas conversas ela sabia exaltar as qualidades alheias. De acordo com os costumes agostinianos de Cáscia ela exercia fora do Convento obras de misericórdia.  Dava bons conselhos, reconfortava e encorajava os fracos, consolava os infelizes e levava os transviados às veredas do bem. Deste modo, convertia a muitos. Os doentes eram objeto de sua especial atenção. Visitava-os e aos moribundos assistia no momento da morte.  Entretanto, não era apenas a caridade a marca de sua santidade. Ela crescia sempre mais na humildade. Considerava-se a menor das religiosas. Sua conduta mostrava a sinceridade de sua convicção íntima. Ela agia como se fosse uma serva de todos e multiplicava sua generosidade nas menores ações. Donde também sua obediência a suas superioras. Primava em acatar as ordens daquelas que lhe eram mais jovens. As determinações que poderiam parecer até esdrúxulas ela as aceitava. Célebre o fato de ter durante muitos meses regado o tronco de uma videira seca, a qual acabou desabrochando graças à sua obediência. O tronco seco deu galhos e frutos e até hoje lá  em Cáscia está exaltando esta sua virtude. Adite-se o cultivo da pobreza. Sua vestimenta era de um pano grosseiro. Sua cela a menor de todas. Nenhum móvel, nem mesmo uma cama, pois ela dormia no chão. Acrescente-se sua admirável castidade que a levava a vencer de imediato qualquer pensamento maldoso que o demônio lhe pudesse trazer à mente. Em toda a circunstância ela agia com rara prudência e reserva, possuindo uma atitude recolhida e modesta. Vigilância contínua sustentada por suas fervorosas orações e penitências. A mortificação era o apanágio de sua existência. Rudes suas austeridades. Tudo que pudesse ser uma condescendência a qualquer tipo de sensualidade era logo banido.  Rigoroso o seu regime alimentar, pois tomava cotidianamente apenas um pouco de salada ou de outros legumes com um pedaço de pão. Vivendo numa cultura italiana na qual se serve o vinho às refeições ela dele se privava, bem como de toda a espécie de carne. Constantes eram os jejuns que fazia, aplicando este sacrifício para alívio das almas do purgatório, ou pela conversão dos pecadores, ou pelos benfeitores do Convento. Alguns dos biógrafos, seus contemporâneos, registraram o fato dela ter costurado espinhos no seu hábito aumentando seus sofrimentos para mais se assemelhar a Cristo crucificado. A prece era, porém, seu sustentáculo, dando-lhe coragem para tudo suportar para glória de Deus e bem das almas. O mundo sobrenatural era sua verdadeira a felicidade. Assim ela degustava já na terra um pouco das delícias do céu, A fé vivificava toda a sua existência. Na parede de sua cela uma pintura do Crucificado lhe dada energias para se entregar a tantos sofrimentos. Por tudo isto ela aos 62 anos mereceu o estigma do um espinho da coroa de Jesus, pois havia atingido um alto grau de santidade. Como São Francisco de Assis, Santa Catarina de Sena, Santa Clara de Montefalco, Santa Faustina Kowalska, Padre Pio e alguns outros santos privilegiados ela estaria no rol daqueles que foram marcados com sinais da dolorosa paixão do Redentor. Em Santa Rita o espinho lhe causou um ferida na fronte, causando odor malcheiroso e a isolando ainda mais na cela longe da comunidade.  Ela, contudo, longe de desolar com os tormentos se rejubilava no Senhor agradecendo-Lhe e bendizendo-O por lhe fazer participar assim do cálice das dores do Salvador. Tão grandes os merecimentos desta Santa admirável explica a devoção universal a ela dedicada. Todo aquele que devotamente implora sua proteção sempre alcança graças maravilhosas. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO

O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO
Côn. José Geraldo Vidigal de Caralho*

Logo que Jesus começou a pregar, segundo São Mateus Ele proclamou: “Convertei-vos porque o reino dos céus está próximo (Mt 12-23). O reino dos céus, ou seja, o reino de Deus, como se expressam os outros evangelistas. Surge então de plano esta indagação: Em que consiste este reino pelo qual imploramos quando recitamos o Pai Nosso. Esta é, de fato, uma prece repetida tantas vezes: “Venha a nós o vosso reino”. É de se observar primeiramente que este reino não é identificável com um lugar ou algum território delimitado. Em grego ele designa a ação ou o fato de reinar. Quando então Cristo nos diz que o reino dos céus está próximo Ele quer nos fazer compreender que Deus envolve o homem no coração de sua vida, no cerne de sua condição humana, e, deste modo, no centro de seus sofrimentos e de todos os seus problemas. É o que está expresso no salmo 139: “Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto: de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos te são bem conhecidos. Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor” (Sl 130, 1-4). Cumpre, contudo, não esquecer que Deus vem a nós de uma maneira que nos ultrapassa sempre. Ele chega com uma generosidade infinita, com sua misericórdia sem limites, com riquezas ilimitadas. Ele se aproxima com a superabundância de sua grandeza, exercendo seu poder real além de qualquer esperança humana. Entretanto, nem sempre se está atento a esta realidade sublime e desta forma não se deixa que Ele aja na plenitude de sua grandiosidade de acordo com as precisões de cada um. Ele acolhe e escuta as preces de seus filhos e contempla todas as suas necessidades. Ele quer atuar naquilo que é o mais profundo das aspirações de cada um. Contudo, Jesus deixa claro que há uma condição: “Convertei-vos”. O ser humano é contingente, limitado, inclinado para o mal por força do pecado original e precisa, realmente, de uma metanoia constante, isto é, de se converter para as coisas do alto, desapegando-se de seus erros, de seus pecados, de suas revoltas contra o seu Criador. Apenas assim Deus pode reinar no coração de suas criaturas. Por não tomar conhecimento de que o Reino de Deus está no seu meio há a tendência de pensar neste reino lá na eternidade, na felicidade sem fim. Voltado para um futuro longínquo, o cristão passa a ignorar a inefável atual presença de Deus na qual deve estar envolto. Cristo lançou uma verdade capital, ou seja, é agora, no momento presente que já se deve degustar a luminosidade deste reino, como condição, aliás, de possuí-lo após a passagem pela porta da morte. É um grande equívoco pensar que se vive em um tempo, o tempo de hoje, o tempo da terra e que depois se passará para outra situação que é a eternidade. O estado de conversão, porém, situa o cristão numa realidade que continuará após sua passagem por esta terra. O reino de Deus começa aqui e agora! Através do hoje vivido numa espiritualização contínua os tempos eternos estão já vividos. Após a morte, o homem não passa desta terra a  outro lugar, mas prossegue a viver o que existia já no fundo de sua vida terrestre por meio  de uma conversão ininterrupta que o leva à união com o seu Senhor. A teologia ensina que a graça santificante na qual deve viver o discípulo de Jesus é a semente da glória sem fim. É o reino de Deus já existindo no íntimo de cada um crescendo initerruptamente segundo o processo de conversão ao qual o cristão se entrega. É necessária a atenção às primícias deste reino já vivido neste mundo, primícias da vida eterna. O que Jesus então propõe a seu seguidor é ter o olhar fixo neste tesouro imenso que é sua presença na alma através da graça santificante na qual se deve crescer continuamente através de uma conversão perseverante.No dia do Batismo houve já a inauguração da vida eterna para cada cristão. Este vida eterna já começou em nós na medida em que se presta atenção nas realidades sobrenaturais e se vai progredindo na prática das virtudes. É assim que se usufrui plenamente da beatitude do reino dos céus e de sua iluminação. Assim sendo, nunca se reflete demais no conselho dado pelo divino Redentor: “Convertei-vos, porque está próximo o reino dos céus”. Daí uma luta sem trégua contra o pecado numa fuga destemida de todas as ocasiões que conduzem à perda deste reino de Deus. * Professor no Seminário de Mariana, durante 40 anos.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS ATUAIS

SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS ATUAIS
 Côn José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Ante a turbulência reinante no contexto atual no qual campeia um horripilo  desprezo pela vida humana,  mais do que nunca é preciso  ir até Jesus. A imprensa registra a cada hora os crimes mais hediondos. A luta fratricida entre os traficantes de drogas e os desvios astronômicos do dinheiro público estão a amostrar que mais do que nunca os valores do Evangelho precisam ser cultuados, vividos. Apenas Aquele que é “Caminho, Verdade e Vida”, é capaz de fazer reinar a imperturbabilidade, afastando todo sofrimento e desesperança. Ele ajuda a cada um a tirar o pecado do fundo de seu coração, porque Ele tem compaixão daqueles que Ele remiu com seu sangue precioso. Ele oferece a paz para os esposos, para os filhos com relação aos seus pais, para os jovens que estudam, para cada um  no seu lugar de trabalho cotidiano. Jesus, o Cordeiro de Deus, une a todos no mesmo liame, formando um só corpo, um só espírito. Isto, porque Cristo afasta as contestações, as calúnias, as perseguições, as intransigências. O mal campeia em todos os lugares com violência destruidora e onipresente. Contemplamos a marginalização de grandes setores da sociedade, a exploração dos mais fracos, a pobreza fruto da cupidez dos gananciosos, os salários de fome, a penúria num mundo cheio de riquezas, a competição desleal, as monstruosidades cometidas por certos políticos, o trabalho escravo até das crianças, a desigualdade entre homens e mulheres, a despudorada falta de modéstia que leva a tantos estupros. Além de tudo isto, se acrescentem a infidelidade, o divórcio, o orgulho, a inveja, a vingança, enfim inúmeros outros crimes e erros. Deles só o Cordeiro de Deus pode livrar o ser humano, fazendo reinar o equilíbrio psicossomático. A Bíblia nos diz claramente que o projeto de Deus é um plano de felicidade para todos e que o pecado é uma triste realidade que somente o divino Redentor pode inteiramente vencer. Sua salvação deve chegar até as extremidades da terra. Por tudo isto nada melhor do que pedir: “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, dai-nos a paz". Ele oferece, de fato, tudo o que o coração humano pode desejar, promovendo uma reestruturação social, impedindo catástrofes ainda maiores. Esta paz que  o Senhor Jesus oferece inclui a luta contra a poluição sonora que promove uma loucura homicida com um barulho infernal causando agitação. Surgem os problemas neurológicos que podem levar até à demência. Carros de sons a fazerem ofertas as mais estapafúrdias, ruídos de motos estridentes, tudo isto  num desrespeito total ao cidadão. Nunca é tarde, porém, para se lutar contra estas aberrações. Cumpre criar formas de resistência, isto é, estabelecer um poderoso anteparo contra os males hodiernos através do aprimoramento do senso crítico, de momentos de reflexão profunda, de saudável fuga do barulho externo, estressante e desagregador e de uma escolha sábia de políticos honestos e clarividentes. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

JESUS, O CORDEIRO DE DEUS

JESUS, O CORDEIRO DE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Admirável o testemunho de João Batista apresentando em alguns versículos uma visão de fé na pessoa de Jesus e sua obra (Jo 1,29-34). Ressaltam os hermeneutas que Ele apresenta Cristo como o Cordeiro de Deus, o Portador do Espírito Santo, o Eleito, o Filho de Deus. A imagem do Cordeiro de Deus é em si mesma uma síntese da história da Aliança do Antigo e do Novo Testamento. Evoca, com efeito, o Cordeiro Pascal do Êxodo, cujo sangue colocado na entrada de cada casa dos hebreus, os protegeu na noite de sua libertação. Além disto, lembra o Servidor sofredor ao qual aludiu o Profeta Isaias, que levado à imolação como um cordeiro tira os pecados de seu povo. Na verdade, Ele o Cordeiro vencedor que, segundo os apocalipses judaicos devia destruir o mal neste mundo. Enquanto Deus, este Cordeiro, Verbo Encarnado, existe antes dos séculos e afirma então São João: “Dele é que eu disse que passou adiante de mim, porque existia antes de mim”. Jesus dirá um dia aos fariseus: “Antes que Abrahão existisse, eu sou” (Jo 8,58). No seu último entretenimento com o Pai Ele suplicará: “Glorifica-me junto de ti com esta glória que tinha junto de ti antes que o mundo viesse a existir” (Jo 17,5). Adite-se que o Espírito Santo desceu sobre Jesus no batismo e com Ele permanece durante sua trajetória terrena. Aliás, o livro do Profeta Isaías anunciara que o Espírito do Senhor repousaria sobre o Messias, oriundo do tronco de Jessé e que Deus colocaria seu Espírito sobre seu Servidor, o Eleito que teria sua complacência. João Batista, com insistência, volta seu olhar para Jesus, o Enviado, o Filho de Deus, e era isto que ele fielmente atestava. É a esse Jesus, o Cordeiro de Deus que é preciso servir para que se construa a paz. É a Ele que é necessário amar com todas as forças, de todo coração. É Ele que o Pai nos deu como Redentor, como Irmão, como Companheiro de jornada. Importante, portanto, o testemunho do Precursor, pois aí está o ponto de partida da fé em Cristo, o Messias. Esta mensagem joanina foi desde o início do cristianismo meditada e muitas pinturas dos primeiros séculos representaram São João Batista apontando para Jesus, como que a proclamar: “Há ente vós alguém que vós não conheceis e é ele o Cordeiro de Deus”. Até hoje nas Missas o sacerdote, mostrando o Corpo de Cristo, repete as mesmas palavras do Precursor: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Belas as aclamações que se seguem: “Cordeiro de Deus, tende piedade de nós, dai-nos a paz”. Ele, somente Ele, é capaz de perdoar, de conceder a imperturbabilidade, afastando todo sofrimento e desesperança. Jesus então ajuda a cada um a tirar o pecado do fundo de seu coração, porque Ele tem compaixão daqueles que Ele remiu com seu sangue precioso. Ele oferece a paz para os esposos, para os filhos com relação aos seus pais, para os jovens que estudam, para cada um no seu lugar de trabalho cotidiano. Jesus, o Cordeiro de Deus, une a todos no mesmo liame, formando um só corpo, um só espírito. Isto, porque Cristo afasta as contestações, as calúnias, as perseguições, as intransigências. O mal campeia por toda parte com violência gratuita e onipresente. Contemplamos a marginalização de grandes setores da sociedade, a exploração dos mais fracos, a pobreza fruto da cupidez dos gananciosos, os salários de fome, a penúria num mundo cheio de riquezas, a competição desleal, os desvios do dinheiro público, o trabalho escravo até das crianças, a desigualdade entre homens e mulheres, a despudorada falta de modéstia que leva a tantos estupros. Além de tudo isto, se acrescentem a infidelidade, o divórcio, o orgulho, a inveja, a vingança, enfim inúmeros outros crimes e erros. Deles só o Cordeiro de Deus pode livrar o ser humano, fazendo reinar a santidade por toda parte. A Bíblia nos diz claramente que o projeto de Deus é um plano de felicidade para todos e João Batista vem nos lembrar de que o pecado é uma triste realidade que somente Jesus pode inteiramente vencer. Sua salvação deve chegar até as extremidades da terra (Is 49,6). Por tudo isto nada melhor do que pedir: “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, dai-nos a paz". Ele oferece, de fato, tudo o que o coração humano pode desejar. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.