MORTE ENCEFÁLICA E EUTANÁSIA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Igreja, por meio da Declaração da Sagrada
Congregação para a Doutrina da Fé, datada de 5 de maio de 1980, definiu
claramente a eutanásia como sendo uma ação ou omissão que, por sua natureza ou
nas intenções, provoca a morte a fim de limitar toda a dor.
A tese católica é esta: não há ninguém que possa
autorizar que se mate um ser humano inocente,
seja ele feto ou embrião, criança ou adulto, velho, doente agonizante ou
incurável.
A vida humana é sagrada. Todo gesto homicida é
execrável.
Não se pode
difundir a cultura da morte, a partir de uma visão materialista do ser humano.
Portanto, a eutanásia é um crime.
Quanto à morte
encefálica a grande questão é precisar o momento da morte de um ser humano.
Muitas vezes pode haver a confusão entre o estado de coma e a morte encefálica.
No primeiro caso é certo que não se pode precipitar a
morte.
A questão da morte encefálica se liga à doação de
órgãos, quando pode haver interesses escusos que não pode atropelar as normas
éticas.
A CNBB alertou para o respeito aos princípios morais que devem orientar
esta prática da doação de órgãos. A comercialização dos mesmos pode forçar a declaração
da morte, não discernindo, inclusive, o estado letárgico, estuporoso e o comatoso que não significam que o
ser humano esteja morto.
O Catecismo da Igreja Católica classifica
como "legítima e meritória" a doação gratuita de órgãos após a morte (grifo nosso).
Lembra que esta mesma posição é assegurada
também pela encíclica Evangelium vitae.
O Arcebispo de Mariana Dom Geraldo Lyrio
Rocha quando exercia o cargo de Presidente da CNBB assinou uma nota, juntamente
com o Secretário desta entidade Dom Dimas Lara Barbosa, na qual afirmou: "Vemos
na doação voluntária de órgãos um gesto de amor fraterno em favor da vida e da
saúde do próximo. É uma prova de solidariedade, grandeza de espírito e nobreza
humana".
Asseverou ainda: "A doação de órgãos não
contraria à fé cristã na ressurreição final, pois 'Deus dá vida aos mortos e
chama à existência o que antes não existia' (Rm 4,17)".
Nas
questões acima ventiladas, cumpre, portanto, saber se o ser humano está ou não
realmente morto.
* Professor no Seminário de Mariana
durante 40 anos.