segunda-feira, 29 de julho de 2013

A PRECE QUE JESUS ENSINOU

A PRECE QUE JESUS ENSINOU
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Um dos discípulos pediu a Jesus que os ensinsse a rezar [Lc 11,1-13], O Mestre imediatamente atendeu o pedido. Na prece ensinada por Ele se percebe claramente que Deus quer ser considerado como Pai amoroso. O homem deve assim se dirigir filialmente a Ele. Gesto grandioso do Ser Supremo, Ele o Absoluto, a considerar como filhos as suas criaturas finitas, limitadas. Diante de tamanha generosidade necessário assim se faz pedir que seu nome seja santificado nas atividades humanas. Isto significa a honra que Lhe deve chegar  como fruto do reconhecimento de sua grandeza. Trata-se de sua realidade divina fulgindo continuamente nos atos humanos.  Os homens santificam o nome do Pai como o santificam os anjos no mais alto dos céus. Deus deve, portanto, ter o seu nome glorificado na terra pelos seguidores de Jesus os quais ostentam na sua existência a luminosidade do Todo-poderoso Senhor. Com efeito, vendo as boas obras dos que crêem, outros podem render honras ao Pai celeste [Mt 5,16]. Seu reino precisa, de fato, se estender por toda parte, eis o que se suplica em seguida. .O reinado do Pai consiste no ato pelo qual Ele atua no mundo e pelo qual Ele o governa. A providencia paterna inegável precisa ser reconhecida e que suba  junto de seu trono todo o louvor, quer nos momentos favoráveis, quer nas horas dolorosas. Entende-se, desta maneira, que o reino de Deus inclui uma escolha livre de cada um que necessita compreender os planos salvadores da sabedoria deste Pai. Disto resulta a conformidade com o projeto divino individual e o atinente ao processo universal. Vivem-se deste modo as oito beatitudes proclamadas por Cristo no sermão da montanha. Tal atitude conduz a um abandono total aos desígnios celestes, Um SIM absoluto que representa a entrega cabal a este Pai, sapiente e desejoso da felicidade dos que nele confiam. Que o reino de Deus venha e que todos os homens e mulheres acolham suas diretrizes em suas vidas. Assim nesta terra se realiza o acatamento afirmador de um Bem eterno  a ser possuído em plenitude na Jerusalém do alto. Trata-se de uma entrega filial ao Absoluto, acreditando-se na Sua misericórdia. Isto envolve a profundeza da alma imersa no seu Criador. Esta passa a contemplar por toda parte os sinais de Deus, apesar dos riscos da caminhada terrestre. O batizado se revela cada vez mais maleável perante as mensagens paternas. Reconhece sua insuficiência e vai se transfigurando num filho que acata e respeita o Pai celeste. Percebe-se Sua assistência ininterrupta. Ficam afastados o desespero, a fobia, a inquietude. Passam a imperar a serenidade, a imperturbabilidade. Entretanto, como tudo isto depende de coragem, combate por causa da fraqueza humana, se suplica o alimento cotidiano para o corpo e sobretudo  para a alma. Este vem a ser a Palavra de Deus que ilumina a mente e a Eucaristia que fortifica a vontade. Cumpre, contudo, pedir anistia pelos pecados. Esta clemência divina, entretanto, se acha condicionada ao perdão  global dado ao próximo. Pedagogo inigualável, Jesus mostra também ser preciso suplicar ao Pai que livre seu filho dos embustes do demônio e de suas invectivas. Por tudo isto cumpre se evite rezar maquinalmente a prece que Cristo ensinou. O significado de cada termo precisa ser penetrado para se obter o que se suplica ao Pai celeste. Por tudo isto quem profere atenciosamente o Pai Nosso recebe uma verdadeira torrente de luzes. Esta prece mede a autenticidade e a legitimidade  da suplica pessoal e litúrgica do batizado. Leva ao verdadeiro dialogo com Deus. Envolve silenciosamente na união com Cristo, O ser humano se repleta de luzes e se percebe envolto na paz e na alegria dos mistérios insondáveis do Pai celeste.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

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