02 ENSINAMENTOS DE JOÃO BATISTA
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Aos
que interrogavam João Batista sobre o que deviam fazer para produzir frutos
condignos de arrependimento foram ministrados preciosos ensinamentos (Luc
3,10-18). Pregador exímio, o Precursor de Cristo, mostrava como se preparar
urgentemente para receber o divino Redentor. Foi claro e objetivo. A todos em
geral recomendava a partilha generosa com os necessitados. Aos coletores de
impostos mostrava a necessidade do equilíbrio não exigindo mais do que a lei
preceituava. Aos soldados recomendava a fuga da violência, da difamação e da
ambição desmesurada. Orientações sábias com relação ao ter e ao poder e que
patenteavam um dos aspectos da espiritualidade daquele que era a voz que clamava
por uma preparação condigna da chegada do Messias prometido. Honestidade e generosidade
eram imprescindíveis para receber através de Cristo o batismo com o Espírito
Santo e com o fogo. Além disto, fazia fulgir uma humildade profunda ao afirmar
que não era digno de desatar as correias das sandálias daquele que era o Salvador
da humanidade. Fidelidade absoluta à missão da qual estava investido nos planos
admiráveis de Deus. São todas estas eminentes virtudes que por meio de João
Batista o Advento vem recordar para os fiéis através de todos os tempos,
condições para desfrutar as graças natalinas. Esforço corajoso apesar das
provas, das incertezas pessoais, familiares, comunitárias. Um alerta para
superar as incompreensões e até, o desprezo do próximo, mas tendo cada um em
mira se aprimorar espiritualmente para com alegria acolher de maneira especial
a Jesus na comemoração de seu natalício. Raios de esperanças luminosas, júbilo
profundo que devem envolver os que desejam honrar o Menino Deus no seu
Presépio. Este é um tempo propício para uma imersão na confiança absoluta no
amor daquele que se encarnou para remir os que O acatassem e seguissem. Apesar
das inquietudes existenciais inerentes a este exílio terreno necessário se faz
saborear a paz que se irradia lá de Belém, por que o Filho de Deus se faz
semelhante a nós movido pelo grande amor com que desde toda a eternidade
envolveu suas criaturas racionais. Diante da afirmativa de João Batista
mostrando que o Salvador tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolher o
trigo no seu celeiro, por força desta certeza, é preciso lançar para longe os
pensamentos negativos, as tristezas e todas as recordações mórbidas do passado
que possam paralisar e desvitalizar a grandeza do reencontro feliz com o Menino
Jesus. Eis porque este é um tempo para uma revisão otimista da vida pessoal,
porque não basta passar pelo Natal, dado que o Natal necessita ser vivido em
plenitude com reflexos brilhantes na própria existência. É esta capacidade de
ação a qual cada um tem dentro de si que leva a uma ascensão ano após ano junto
da manjedoura. O cristão então avança na inteligência de sua vida, num
desenvolvimento contínuo, progresso que inclui uma interação amorosa na
comunidade em que vive. João Batista está a mostrar que o seguidor de Jesus
pode e deve querer se impor um renovado modo de conviver consigo e com os
outros. O Natal passa deste modo a ser um renascimento pessoal, pois a vinda de
um Deus a esta terra exige uma renovação contínua dos corações. Tudo isto
dentro das limitações naturais do ser humano, o qual, contudo, não pode se
entregar a qualquer tipo de mediocridade. A questão é saber explorar a
disponibilidade interior, correspondendo às inspirações da graça, bem
empregando o tempo num esforço ininterrupto para alcançar a própria
santificação. Tarefa complexa, mas indispensável, triunfando o seguidor de
Cristo de qualquer resquício de desânimo. Os ensinamentos de João Batista
conduzem a um agir constante, discernindo cada um os meios necessários na busca
da perfeição. Jesus preceituará: “Sede perfeitos como o Pai celeste é
perfeito”. O Advento oferece ocasião para todas estas reflexões, motivando a
adesão aos valores que o Batista salientou: crescimento na solidariedade, na
integridade, na compreensão, na humildade. O fundamento de tudo é a fé na
Encarnação do Verbo de Deus que impede o cristão de ser palha a ser queimada no
fogo inextinguível. Mensagens concretas que conduzem ao domínio do possível da
parte de cada em mais uma semana do Advento. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário