terça-feira, 14 de novembro de 2017

A MANSÃO DOS MORTOS

 A MANSÃO DOS MORTOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professamos no Símbolo dos Apóstolos Que Cristo “ foi crucificado, morto e sepultado, desceu a mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia”.
 Esta mansão dos mortos é chamada na Bíblia de os infernos, o Sheol ou Hades (Fil 2,10;Ap 1,18; Ef 4,9).
Aí os mortos estão privados da visão de Deus.
Este foi o caso de todos os mortos, pecadores ou justos, aguardando o Redentor.
Sua sorte, porém, não era idêntica como mostrou Jesus na parábola do pobre Lázaro recebido “no seio de Abraão” ( Lc 16,22-26).
Eram almas santas que aguardavam seu Libertador,   as quais Jesus  livraria quando “desceu à mansão dos mortos”.
Está no Catecismo da Igreja Católica:  §631 "Jesus desceu às profundezas da terra. Aquele que desceu é também aquele que subiu" (Ef 4,9-10). O Símbolo dos Apóstolos confessa em um mesmo artigo de fé a descida de Cristo aos Infernos e sua Ressurreição dos mortos no terceiro dia, porque em sua Páscoa é do fundo da morte que ele fez jorrar a vida”. Jesus desceu à “mansão dos mortos”  não para livrar os condenados, nem para destruir o inferno da condenação eterna, mas para libertar os justos que O  haviam precedido. São Pedro asseverou:” Boa Nova foi igualmente anunciada aos mortos” (1 Pd 4,6).
A descida aos infernos foi o cumprimento do anúncio evangélico da salvação. Foi a fase última da missão messiânica de Jesus antes de ir, enquanto homem, para junto do Pai.
 Todos os que eram justos se tornavam então participantes de sua redenção. Cristo desceu na profundidade da morte (Mt 12,24).
 Cristo ressuscitado “detinha a chave da morte do Hades” (Ap 1,18). São Paulo dizia aos Filipenses: “Ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra e nos infernos” (Fil 2,10).
Na “mansão dos mortos”, antes da ressurreição de Jesus, os justos O estavam esperando para que fosse aberta a porta do céu e pudessem gozar da visão beatífica.
Assim sendo, a “mansão dos mortos” referida no Símbolo dos Apóstolos nada tem a ver com o dogma do Purgatório.
A alma ao sair deste mundo, não estando completamente purificada, deve expiar durante algum tempo os erros cometidos antes de entrar na glória eterna.
 Se ela traz algum vestígio de pecado ou porque cometeram faltas leves e não as tenha expiado suficientemente neste mundo, bem como no caso dos pecados mortais já perdoados e não reparados nesta trajetória terrena, não pode entrar no céu.
Essas almas têm a graça de Deus e, portanto, a salvação é certa para elas, mas a justiça divina reclama a purificação no purgatório.
 O dogma da comunhão dos santos mostra que se pode, de fato, abreviar as penas dos que sofrem nesta antecâmara do céu.
Aliás, todo o mês de novembro é dedicado às almas que lá se encontram.
 Saibamos, porém, sufragá-las com nossas preces e sacrifícios durante todo o ano,  pois, se um dia tivermos que por lá passar, Deus fará que outros se lembrem de nós.
Nunca se lembra demais a passagem do Segundo Livro dos Macabeus: “Santo e salutar esse pensamento de orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados" (2 Mc 12,45)

* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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