sábado, 28 de julho de 2012

O SILÊNCIO INTERIOR

O SILÊNCIO INTERIOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
  A importância do silêncio interior decorre do fato de que cumpre ao verdadeiro seguidor de Cristo perceber o murmúrio íntimo do Espírito Santo.
Este então inunda a alma silenciosa com sua presença inefável. Trata-se da habilidade espiritual de simplesmente então escutá-lo.
 Ele quer introduzir o cristão nos segredos divinos através de uma profunda comunhão com a Trindade santa.
Disto não resulta uma fuga da ação, dado que a procura do silêncio deve se realizar nas condições práticas da existência de cada um.
 É óbvio que o cristão que busca este ideal de uma união real com Deus se vale de uma ascese constante, condição basilar para a paz do espírito.
 É que a inteligência vai se libertando dos laços das paixões através de métodos espirituais
Estes possibilitam a vitória sobre os pensamentos e imaginações importunas que impedem a concentração no Ser Supremo.
 É preciso a educação da vontade para viver a plenitude divina do momento existencial, o qual fica iluminado pela luz celeste, acolhida com amor e disponibilidade.
Chega-se desta maneira ao precioso  recurso que é a oração do coração. Isto porque, mesmo sendo humanamente impossível ao ser racional estar permanentemente unido a Deus pelo pensamento por causa das falhas de atenção, das distrações, da fadiga ocasionada pelas ocupações diárias, é possível estar unido ao Deus uno e trino pelo amor.
Com efeito, os atos da vontade subsistem e impregnam de espiritualidade toda a atividade de quem se acha em estado de graça.
No fundo se dá um total abandono aos desígnios divinos, não obstante as dificuldades de cada hora.
Marcha-se desta forma na presença de Deus, mesmo quando não se tem o pensamento desta presença. A alma repete simplesmente: “Tudo pelo vosso amor, Senhor”.
Nenhuma turbulência impede esta valiosa prece que se transforma num olhar intuitivo, simplificando as relações pessoais com o Ser Infinito.
 Evita-se assim uma excessiva tensão e qualquer distúrbio, dado que ação e oração se interpenetram maravilhosamente, levando a um admirável equilíbrio psicossomático.
Atinge-se uma postura de suavidade incrementada pelas jaculatórias que são verdadeiros dardos contra o inimigo que sabe multiplicar suas invectivas para perturbar o perfeito repouso da alma.
Quem consegue conjugar tudo isto se torna sensível ao Espírito Santo e percebe os sons de uma sinfonia que nasce do coração com toda sua sublime realidade.
O silêncio beatificante se faz a atmosfera da alma, oferecendo uma tonalidade celestial inebriante, como se do céu algo já se estivesse degustando.
*Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

MOMENTO DE REFLEXÃO PARA OS CATÓLICOS

         MOMENTO DE REFLEXÃO PARA OS CATÓLICOS
                   Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
         O último censo realizado no Brasil ofereceu à mídia manchetes sobretudo envolvendo a diminuição de católicos neste país.
         O teor dos títulos principais, em letras garrafais nas páginas dos jornais, embora atestem uma triste realidade, mascaram aspecto fundamental desta questão religiosa.
          Eis uma destas manchetes: “O catolicismo está em declínio no Brasil”. Não fica claro para o leitor desprevenido se o problema é quantitativo ou qualitativo, ou seja, se os atuais católicos são ou não, em nossos dias, mais intensamente praticantes.
         Cabe aos cientistas da Religião mormente das Universidades Católicas e os que trabalham na CNBB estudarem as causas reais do aumento das igrejas evangélicas e proporem medidas imediatas para uma atividade mais dinâmica  e organizada da Igreja Católica no território nacional.
         A questão no fundo, porém, é de um apostolado vibrante dos católicos, firmados na convicção de que a Igreja Católica oferece sete sacramentos, fontes das graças da redenção; adora o Salvador presente na divina Eucaristia; renova nos altares o Sacrifício salvífico do Calvário; cultua a Mãe de Jesus com especial carinho; invoca com confiança os santos que oferecem tantos exemplos de virtudes e leva a uma interpretação fidedigna dos textos bíblicos sob a orientação do magistério eclesial. Há, porém, necessidade de uma mobilização geral dos católicos a começar dentro dos lares onde os pais devem dar exemplo aos filhos e mostrarem na prática que vivem inteiramente o que o Mestre divino ensinou. Cumpre a cada católico fazer um exame de consciência para ver se não tem se omitido, ingressando nas diversas pastorais que as Paróquias oferecem.  É preciso também muita oração para que haja ainda mais santidade no interior da Igreja. É estranho, contudo, o que ocorre com certos jovens que se apaixonando por alguém que não é católico e, ao invés, de lhe mostrar a face verdadeira do catolicismo, se deixa enredar pelos argumentos de seu namorado ou namorada. Abandona desta forma a Igreja na qual foi batizado o que mostra que possuía uma fé debilitada, sem fundamento, insuficiente para o trazer o outro para o grêmio da Igreja católica. O certo é que há necessidade de medidas urgentes para que as previsões tenebrosas dos futurologistas para 2030 não se realizem, de que até lá “os católicos perderão maioria” (sic).  Deve-se ter em conta que apesar dos pesares cerca de noventa por cento dos brasileiros são cristãos, acreditam que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, o Messias prometido, única tábua de salvação. Cumpre, porém, levar a todos as riquezas espirituais que a Igreja Católica possui. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.